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Campo Grande, 16 de abril

Tereza Cristina será a segunda mulher em 158 anos do ministério

Kátia Abreu foi a primeira do gênero feminino ao assumir o cargo em 2015, encerrando a hegemonia masculina

Por Éder Campos
08/11/2018 • 07h00
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Engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, é a primeira mulher atribuída por Jair Bolsonaro para um ministério. Ela irá assumir a pasta da agricultura e pecuária (MAPA) a partir de janeiro de 2019, posto que vinha sendo tenazmente disputado por quase uma dezena de homens.

Tereza tem uma história intrínseca com o setor rural. Nascida em Campo Grande, descendente de pecuaristas, começou na militância rural quando fez parte de diretorias de entidades representativas do setor agropecuário, como a Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Associação dos Criadores (Acrissul), Sindicato Rural.  Foi ainda superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Estado (Senar/MS) e da Fundação Nacional para o Desenvolvimento Rural (Funar/MS). Participou de vários conselhos representativos, foi vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri)  quando ocupou o cargo de Secretaria de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo no governo de André Puccinelli em 2007 e,  titular do Conselho Deliberativo do Sebrae/MS.

Eleita deputada federal pelo PSB de Mato Grosso do Sul no pleito de 2014, ficou conhecida por seu posicionamento em defesa do agronegócio e por ter sido relatora da comissão especial que analisa a Medida Provisória 793/2017, que trata do Fundo de Assistência ao Produtor Rural (Funrural) quando era vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), entidade que em fevereiro deste ano (2018) assumiu o cargo de presidente deixado pelo deputado Nilson Leitão (PSDB/MT).

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Tereza será a segunda mulher indicada para ocupar o cargo máximo na história do órgão que foi criado pelo imperador Dom Pedro II, em 28 de julho de 1860, pelo decreto nº 1.067,  como sendo a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Após a Proclamação da República, em 1892, a Secretaria foi transformada em Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, pelo decreto nº 1.142, ficando os assuntos de agricultura responsabilidade da segunda seção da terceira diretoria do ministério.  Em 1909, pelo decreto nº 7.501, foi recriada a pasta da agricultura em um ministério que incorporou as atividades ligadas à indústria e ao comércio, sendo designado de Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Em 1930, houve nova alteração, com a criação do Ministério da Agricultura. Em 1992, é novamente alterada a denominação para Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária e, em 1996, teve nova alteração para Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Finalmente, em 2001, recebe a denominação atual de  Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Deixou em outubro de 2017 o Partido Socialista Brasileiro, por discordar da posição contrária que o partido passou a adotar frente ao Governo Temer. Nas eleições deste ano, agora pelo Democratas (DEM/MS), foi reeleita com 75.068 votos totalizados (6,05% dos votos válidos) nos 79 municípios do Estado. O deputado federal Geraldo Resende (PSDB), que não foi eleito no primeiro turno, mas ficou suplente da deputada, deve assumir o cargo em Brasília caso não seja convocado pelo governador Reinaldo Azambuja para alguma secretária estadual.

Esta é a primeira vez que um(a) sulmatogrossense assume a entidade que foi comandada ao longo dos 158 anos de existência por 121 pessoas, das quais apenas uma mulher, a senadora Kátia Abreu (GO) de 2015 a 2016. Kátia abriu o caminho para as mulheres no comando de entidades do agro em 2008, quando foi a primeira mulher a ocupar a presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo dados do Senso Agro do IBGE, a participação do gênero feminino no agrosetor aumentou para 30% em 2018; em 2012 o percentual era 10%.

Tereza representa a força do empoderamento feminino nas ocupações estratégicas do país. O setor rural  é um deles e, tem sido a coluna de sustentação da economia brasileira nos últimos 20 anos. Os recordes produtivos nas últimas safras, o avanço nas exportações dos produtos do agro para mais de 200 países, com 50% das exportações e cerca de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, o agronegócio sempre foi determinante para o bom desempenho da balança comercial e para a retomada do crescimento econômico do país.

Jair Bolsonaro tem ciência dos números e precisa estar alinhado com os produtores, entidades e parlamentares que deram apoio maciço à sua campanha presidencial. Tereza Cristina é a resposta para retribuir a contribuição.

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