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Em Três Lagoas, 60% dos homicídios são passionais

Série especial 'Desafios em Três Lagoas' mostra que a criminalidade está relacionada a briga conjugal

Por Kelly Martins
06/07/2017 • 07h00
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No começo parece uma linda história de amor. Beijos, abraços e a vontade de estar perto em todos os momentos. Mas com a convivência, em muitos casos, uma pessoa que até então era desconhecida é revelada. As mesmas mãos que um dia fizeram carinho são as mesmas usadas para matar quem um dia parece ter sido o “grande amor”. Crime deste tipo já corresponde a 60% do número de homicídios registrados este ano, em Três Lagoas. Vinte uma pessoas foram assassinadas entre janeiro e junho, e 12 delas a motivação foi passional. O restante é por envolvimento com tráfico de drogas.

Trata-se de um dado alarmante que tem assustado a população pelo aumento no número de casos e pela brutalidade em que os crimes são cometidos. Situação essa que faz com que 2017 seja o mais violento dos últimos cinco anos em Três Lagoas.

O JPNEWS preparou uma série especial sobre segurança pública, com o tema “Desafios em Três Lagoas”. Reportagens publicadas desde segunda-feira (3) revelam dados da criminalidade e mapeamento com os pontos mais críticos.  A série segue até sexta-feira (7).

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Em 29 de junho, uma briga resultou na morte de José Maria da Cruz Rocha, de 34 anos, no bairro Paranapungá. Ele morreu após invadir a casa da ex-mulher, com quem se relacionou por três anos e não aceitava o fato dela estar casada novamente. O atual marido dela foi preso suspeito de ter assassinado a facadas José Maria, durante a discussão, que chegou a ser presenciada por vizinhos no meio da rua.

“Trata-se de uma questão interpessoal que pode ocorrer em qualquer lugar. Pode ser em uma briga de bar, motivado por ciúmes, rompimento de relacionamento. Esses crimes não têm lugar, já que em qualquer local que a vítima encontra o desafeto o ato pode acontecer. É difícil prevenir”, declarou a delegada Letícia Mobis, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam)

Ela destaca que o suspeito de praticar o crime, na maioria dos casos, responde por violência doméstica. No Brasil, a  taxa de homicídios em 2015 foi de 28,9 a cada 100 mil habitantes - o que representa um aumento de 10,6% desde 2005. No ano foram 59.080 homicídios e o dado faz parte de um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

LDelegada explica que os assassinatos estão ligados à
intolerância. Foto: Hugo Alves/JPNEWS

Feminicídio

Cinco mulheres foram vítimas de feminicídio, em Três Lagoas, nos primeiros seis meses do ano, conforme a delegada. O número é 150% maior no comparativo com 2016, quando dois casos foram registrados.

Letícia Mobis explica que o feminicídio é um crime de gênero cometido contra mulheres, quando há violência doméstica ou discriminação à condição da mulher. A lei foi incluída no Código Penal como uma modalidade de homicídio qualificado e entrou em vigor no dia 9 de março de 2015.

Para a delegada, o aumento de casos está relacionado à intolerância. “Embora não haja como prever, é necessário que as pessoas tenham mais tolerância, tentar resolver a base do diálogo e não achar que o fim do relacionamento é o fim da vida. Pensar bem também antes de colocar uma pessoa dentro de casa ou passar a conviver com ela. Vemos que muitas situações ocorrem após a mulher reatar o relacionamento mesmo depois ter sido agredida alguma vez”, considerou.

Mobis orienta que as mulheres denunciem os agressores e não voltem a conviver com eles. A denúncia pode ser realizada anonimamente pelo Disk-Denúncia da Deam que é o 180, já no estado há o 0800 67 1236. Para registro de boletins de ocorrência o endereço da delegacia é rua Davi Alexandria, n° 946, no bairro Vila Nova, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30.

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